Tirana
esconde-te no campo de trigo
tens a sombra de todas árvores
liga desliga o telefone
até conseguires ouvir
a tua bicicleta de criança desapareceu
e ninguém sabe
vinte e três gatos cinzentos
estão na cave da tua casa
(2001)
encontro esta fotografia e demoro-me nela. faltam-me as palavras. falho-me.
fotografaram-me por dentro.
marcar os números errados no telefone e nunca conseguir despedir-me de ti. abrir os braços para quebrar todos os ossos – deixar de abraçar esta cidade. que seja ela a dar-se. desta vez.
é muito belo o teu poema “Tirana”; já não me lembrava bem dele. É despojado até à nudez. Os “gaps” entre os dísticos criam um enigma e ao mesmo tempo uma estranha unidade. Não sei exactamente de que falam estes versos. Mas sei que alguma coisa em mim os entende melhor do que a minha razão.Parabéns!