Arquivo: Março 2009

carta de um velho quando jovem

Depois do que te disse
descansei

escrevo-te sem endereço
no reverso do que fiz

não escolho as ruas onde moras

paro no verso
nunca atravesso

fecho-me na caixa do correio
à espera que me escrevas

melhor é acampar
no dedo direito deste magro braço d’água
cingido à complicação elementar
de estar vivo.

Boaventura de Sousa | Madison e Outros Lugares

Quando o silêncio ocupa o lugar antes reservado às palavras, a única
solução é acabar o filme. Reconhecer que não haverá lugar para o
conhecimento. Entrar de novo em nós e desligar tudo.

O filme acabou pela morte das palavras.

Al Berto | Horto de Incêndio

O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico.

Álvaro de Campos | Adiamento