e acaso nos tocar o azar
o combinado é não esperar
que o nosso amor é clandestino.
Arquivo: Março 2009
Dá-me a tua boca.
Vem depressa para ser mais depressa.
Depressa.
É tudo.
Depressa.
Marguerite Duras | C’est tout
carta de um velho quando jovem
Depois do que te disse
descansei
escrevo-te sem endereço
no reverso do que fiz
não escolho as ruas onde moras
paro no verso
nunca atravesso
fecho-me na caixa do correio
à espera que me escrevas
melhor é acampar
no dedo direito deste magro braço d’água
cingido à complicação elementar
de estar vivo.
Boaventura de Sousa | Madison e Outros Lugares
Quando o silêncio ocupa o lugar antes reservado às palavras, a única
solução é acabar o filme. Reconhecer que não haverá lugar para o
conhecimento. Entrar de novo em nós e desligar tudo.
O filme acabou pela morte das palavras.
Al Berto | Horto de Incêndio
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico.
Álvaro de Campos | Adiamento