Arquivo: Janeiro 2011

I want your love
But I don’t want to borrow
To have it today to give it back tomorrow
For your love is my love
There’s no love for nobody else

So love me or leave me
Or let me be lonely

E as incessantes oscilações do meu interior barómetro ao longo desses dez dias: saber que nunca hei-de esquecê-la; desejar vir a esquecê-la; recear vir a esquecê-la; ter a certeza de que a esquecerei e de que não a esquecerei.

David Mourão-Ferreira

There’s a limit to your love
Like a waterfall in slow motion
Like a map with no ocean
There’s a limit to your love
Your love, your love, your love

There’s a limit to you care
So carelessly there, is it truth or dare
There’s a limit to your care

There’s a limit to your love
Like a waterfall in slow motion
Like a map with no ocean
There’s a limit to your love
Your love, your love, your love

There’s a limit to you care
So carelessly there, is it truth or dare
There’s a limit to your care

fragmentos do diário XIX – breves de 2010

2010. Esta contagem sufoca-me. “Que fiz eu da vida?” 27 Janeiro

Ela surge. Precipito-me para fora de mim. Esta vertigem nos olhos dela. E a sensação, quase a certeza, que deveria fugir. Que a perda é sempre inevitável, que a dor virá, que faltar-me-ão as forças. 28 Abril

A capacidade de acreditar é em mim uma memória longínqua.
Desabituo-me facilmente da felicidade. E quando ela chega, demoro a reaprender os movimentos do corpo. 28 Abril

Lisboa anoitece dentro de mim. Percorro as ruas, o rio, até que a lentidão dos passos acalme o corpo.
A tristeza foi sempre a última morada. 15 Junho

Se ela não está, falta-me o ar. 29 Junho

Não acreditava já num amor assim. 30 Junho

Às 9:05 da manhã faltou o telefonema dela. Há 21 anos que falta o telefonema dela. Há 21 anos que deixou de fazer sentido festejar um dia em que a saudade me corrói. 3 Julho

Podia o amor bastar. 16 Agosto

Descubro que já não sou adolescente quando lhe digo que não tenho de me perder para amar. Que duas pessoas podem amar-se continuando a existir. 17 Agosto

Existe este amor. São cinco da manhã e existe este amor.
Dentro e fora de mim ele existe e tem um punhado de facas para me ferir. 19 Setembro

Tenho algumas esperanças na vida – que o mundo irá mudar, que grandes revoluções serão feitas. Não tenho esperanças em mim. 20 Setembro

Este amor é uma maldição. 22 Novembro

Acreditei tanto quanto é humanamente possível acreditar. E repetidamente ela traiu este amor. 22 Novembro

Não percebo este amor que abandona. 10 Dezembro

Ela volta e diz que me ama e eu fico porque não sei não ficar. Este amor, esta dor, prende-me à vida. Descubro que ainda sinto, que ainda choro. 10 Dezembro

Esvaziei-me neste amor. Corri quilómetros para longe de mim. Falhei-me. 11 Dezembro

As saudades colam-se aos ossos. Cada passo que dou nesta casa é um passo sem ela. 19 Dezembro

fragmentos do diário XVIII – breves de 2009

É preciso deixar que as palavras voltem. 18 Março

A paixão constante. A paixão multiplicada. Os envolvimentos gratuitos envoltos num amor inventado.
E o que pode parecer uma máscara é ainda o que me devolve. Sinto em excesso. Sinto o excesso. Respiro. 20 Março

Apaixono-me facilmente no início da Primavera. Posso dizer que se trata de um estado de espírito. Acontece independentemente dos outros. Acontece de dentro para fora. Eu sou a origem da paixão. Eu e a Primavera.
Atribuo o amor. 20 Março

A nossa história terá tido somente um começo. Pode ter sido um momento na cidade. De mãos dadas na cidade. Não haverá meio nem fim. 23 Março

O cansaço é quase insuportável. 9 Junho

Nada me surpreende. A luta tem de ser diária para não cair num suicídio vivo que sinto cada vez mais próximo. 20 Novembro

Sinto cada vez menos falta de pessoas. Cumpro o dever de sair de casa, trabalhar, ser social, como esperam de mim. Há em tudo indiferença. Faço o que tem de ser feito, nem mais, nem menos. 20 Novembro

Chorei compulsivamente ao longo do dia. Podia ter chorado horas, até esvaziar o que dentro de mim ainda resta. 25 Dezembro

A cidade, esta cidade, é um nome longínquo. 31 Dezembro