Que a sede de poesia se transforme em água e eu possa inventar novas cidades. 7 Fevereiro
Estou no limite de mim. 8 Fevereiro
Este amor como uma cidade em que todas as luzes estão acesas. É necessário apagá-las e encontrar-me só na escuridão. 10 Fevereiro
Relembro Anaïs Nin. 11 Fevereiro
Escrever nunca foi uma escolha. As palavras surgiram, desde cedo, como a marca de um destino. Mais real que a sombra que se precipita do meu corpo num dia de sol. 10 Março
Não há, nem pode haver, qualquer escolha que me faça deixar a escrita. Não vale a pena passar pela vida sem poesia. 12 Março
O hábito pode ser um vício tão grande como o amor. 17 Março
Este não ser capaz. 19 Março
Certo é que se o caminho a seguir fosse simples, não o seguiria. 24 Março
É certo que os anos mais vividos não são os actuais. 21 Abril
Porque desejo tanto a imortalidade se pouco me preocupo quando a vida não é aquilo que quis? 3 Junho
Anaïs dentro de mim, fora de mim. Desencontrada. Este coma perpétudo. 3 Junho
E tudo o que sinto, senti-o já antes. Repetidamente, a minha escrita é eco de escritas passadas. 9 Julho
Tropeço em mim. 10 Julho
Não sei se sou ainda a adolescente que fui ou se procuro ser a adolescente que fui. 10 Julho
O meu corpo precipita-se para fora de mim e lembro-me de ter 16 anos. 12 Julho
Que precipício para lá dos teus olhos? 21 Julho
Falho-me. Falto-me. 22 Julho
E amanhã acordarei tarde – sair de casa, descer a avenida até ao Rossio, até ao Tejo, os meus olhos pousados sobre o cais.
Dir-te-ei as palavras? 27 Julho
Quatro meses de silêncio.
Dentro de mim existem mil palavras e poemas inteiros.
Se queres escrever, porque não queres escrever? 26 Dezembro
Não me permito escrever um poema “assim-assim”. Sempre odiei as “demi-teinte”, o razoável, as metades. 27 Dezembro
Relembro Anaïs Nin. 11 Fevereiro
. relembraste Anaïs a 11 de Fevereiro. Sorrio quando o leio – de algum modo mexeu comigo.
“Este amor como uma cidade em que todas as luzes estão acesas. É necessário apagá-las e encontrar-me só na escuridão.” 10 Fevereiro
um amor que roubou a solidão. demasiado para a humanidade dos amantes.
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