Olhar para a cadeira vazia à minha frente e ver-te a acender a cigarrilha, a cabeça ligeiramente inclinada para o lado que te dava um ar quase infantil, os gestos demorados, o livro em cima da mesa para a partilha de uns versos. Um copo de são domingos, por favor.
Arquivo: Setembro 2012
e se assim fosse, estando ele morto sem regresso, a sua vida seria uma lenta aflição por esperar quem nunca poderia voltar.
valter hugo mãe
Há situações na vida em que já tanto nos dá perder por dez como perder por cem, o que queremos é conhecer rapidamente a última soma do desastre, para depois, se tal for possível não voltarmos a pensar mais no assunto.
José Saramago
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar.
Sophia de Mello Breyner
Laissez-moi pleurer.
Para sempre, Rogério.
2 Maio, 1961 – 28 Agosto, 2012
Teimosa tristeza
Amparada à esquina da rua vi
uma cadeira com três pernas
e deixei o pensamento ficar
ali sentado todo o dia.
Alguém disse, sabe,
certas pessoas têm jeito
para serem infelizes.
Está a ouvir-me?
Ergui-me para lhe
responder, ah, sim.
Retomei o assento
na cadeira partida.
Rogério Rôla