Arquivo: 2012

De mim me despeço, como um barco que solta as velas e sonolento tacteia o caminho para a manhã.
Que luz será esta? Que incertezas me devolve esse mar do outro lado do espelho?
Toco o rosto de vidro insone ergo a boca para o vácuo e chamo por mim.

al berto | diários

24 anos

A tua morte é sempre nova em mim.
Não amadurece. Não tem fim.
Se ergo os olhos dum livro, de repente
tu morreste.
Acordo, e tu morreste.
Sempre, cada dia, cada instante,
a tua morte é nova em mim,
sempre impossível.

Adolfo Casais Monteiro

pudesse eu sentar-me agora a teu lado e contar-te da dor que se arrasta pelos dias.

três meses

Repara no que acontece com a morte dos outros e ficas a saber que o universo se está nas tintas para que morras ou não. E isso é que é incompreensível – morrer tudo com a tua morte e tudo ficar perfeitamente na mesma.

Vergílio Ferreira | Escrever