Arquivo: Outubro 2012

O meu sono será uma longa
viagem sem sobressalto
numa cabine de comboio fechada
e só por minha conta

rumo a um lugar onde não posso
tirar fotografias.

Rogério Rôla

saber que já não existes. ter-te tido tão vivo e agora não existes.
o absurdo de tudo continuar a existir mesmo quando já cá não estás.
a falta que me fazes. a falta que me farás por toda a vida.

tínhamos uma bomba na alma e um fósforo na mão.

Sim, sim, Mónica. A causa depois do efeito. A minha tese é esta, minha querida – nós trazemos na alma uma bomba e o problema está em alguém fazer lume para a rebentar.
Nós escolhemos ser santos ou heróis ou traidores ou cobardes e assim. O problema está em vir a haver ou não uma oportunidade para isso se manifestar.
(…)
Alguns têm a sorte ou a desgraça de alguém fazer lume para rebentarem o que são, ver-se o que estava por baixo do que estava por cima. Mas outros vão para a cova na ignorância.
(…)
Agora pergunto – se escolheram a maldição e alguém faz lume, quem é culpado de ela rebentar?
Como é que um tipo é culpado de trazer uma bomba na alma se foi outro que a fez explodir? E como é que é culpado o tipo que fez o lume, se a bomba não era dele?

Vergílio Ferreira | Em nome da terra

Sei que darei ao meu corpo os prazeres que ele me exigir.
Vou usá-lo, desgastá-lo até ao limite suportável,
para que a morte nada encontre de mim quando vier.

al berto