Nunca mais regressaste a casa desde agosto.
Eu fiquei sentado na soleira da porta à espera
da cura. Brincava ocasionalmente com o fogo,
porque era a tua voz que me trazia o outono,
era a fuligem nas tuas mãos que me ensinava
a hermenêutica dos dilúvios e a mecânica
da extinção das espécies.

Eu fiquei incendiado
em compartimentos sem atributos térmicos,
manuseando de um modo temerário coisas
como dogmas ou outros objectos teosóficos.

Mas nunca mais regressaste a casa e eu aprendi
a soletrar silenciosamente o teu regresso.

José Rui Teixeira

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

*

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>