Arquivo: 2007

o teu nome

pronuncia teu nome para que seja impossível esquecer-me do meu.

toca-me o rosto com o teu nome, ou pousa-o sobre as mãos; debruça-te para dentro de mim e deixa que o segredo do tempo fulmine os ossos.

Al Berto

(…)
Mas hoje não…
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico…
Esta espécie de alma…
Só depois de amanhã…

Álvaro de Campos

[hoje]

seduz-me a ideia de
vir a morar num corpo que já não sente,
etílico talvez,
transparente,
e com uma leveza de cinzas.

al berto

(11 Janeiro 1948 – 13 Junho 1997)

[quase] pop-art

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Sento-me à minha banca de trabalho.
Vou começar uma obra que há muito tempo medito.
Traço as primeiras linhas.
Ergo-me desiludido.
Não posso admitir as minhas ideias.
Elas parecem-me vulgares.
Não creio na minha obra. Duvido se serei um artista. O outro é que tem razão.
Se eu fosse um artista seria belo.

Mário de Sá Carneiro