Arquivo: Março 2007

Nevoeiro sobre Lisboa

percorro à chegada a cidade encoberta
à procura de um livro de poemas
indicado por um amigo

tudo se encontra e nada me contenta
lisboa não cabe no velho alfarrabista

e vagamente penso em ti enquanto olho o cais

o tejo, hoje, cai do céu

shqipëria ime

Parashqevi Simaku, Albânia, há mais de 20 anos. Enquanto eu assistia no meio do público.

mesmo que explicasse, não estou certa que alguém percebesse o que sinto ao ver isto.

“Dhe cdo ëndërrim
Dua ta shikoj në jet
Dua emri im
Një kuptim të më ket”

amor

Dois mil cigarros.
E uma centena de milhas
de parede a parede.
Uma eternidade e meia de vigílias
mais brancas que a neve.

Toneladas de palavras
velhas como pegadas
de um ornitorrinco na areia.

Uma centena de livros que ficaram por escrever.
Uma centena de pirâmides que ficaram por construir.

Lixo.
Pó.

Amargo
como o princípio do mundo.

Acredita em mim quando digo
que foi belo.

Miroslav Holub

diz-me tu

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Liv Ullman em Lágrimas e Suspiros de Bergman

diz que não sabe do medo da morte do amor
diz que tem medo da morte do amor
diz que o amor é morte é medo
diz que a morte é medo é amor
diz que não sabe

Alejandra Pizarnik

isto, isto, isto

Deneuve

Catherine Deneuve, em “Repulsa” de Polanski, 1965

A fonte de todo o mal é o aborrecimento e é ele que é necessário afastar.
É necessário mudar constantemente a perspectiva da realidade.
Trata-se de afastar tanto quanto possível o ponto onde se sente que a rotina impera, o ponto em que a repetição começa.

Kierkegaard