Arquivo: Junho 2014

Baixou sobre a serenidade das coisas
um sono obscuro e terrível.
Poluiu o teu sorriso, o meu desejo;
intercala os gestos e as vozes ciciadas.

Cerramos os olhos para a penumbra
donde brotam, nítidas, as imagens:
Há uma criança no fogo,
o pavor de um soluço estrangulado,
fulgurantes, rápidas chamas.

Direi palavras insuportáveis como morte.

rui knopfli

O amor, no seu entender, devia surgir de repente, com grande rumor e fulgurações: tempestade dos céus que cai na vida e a revolve, arranca as vontades como folhas e arrebata para o abismo o coração inteiro.

Flaubert | Madame Bovary

e à noite
não havia frio como agora
mesmo que o mar nos cobrisse de algas
mesmo que a areia
trouxesse consigo o gelo das mais remotas estrelas

mário henrique leiria