a memória.
os teus olhos, os teus lábios, as tuas mãos, o riso, a voz, o amor.
este amor.
a saudade.
a memória.
os teus olhos, os teus lábios, as tuas mãos, o riso, a voz, o amor.
este amor.
a saudade.
Dissera-lhe que era como dantes, que ainda a amava, que nunca poderia deixar de a amar, que a amaria até à morte.
O Amante | Marguerite Duras
Quando agora digo meu amor, já não se passa absolutamente nada.
Eugénio de Andrade
Magoa-me a saudade do tempo em que te habitava.
Mia Couto
A chuva embate com fúria contra as janelas, às rajadas do vento. Estou mais só, sem a passagem de mim para lá da vidraça. Se tu viesses. Ainda que trouxesses a tua pequena ruga de irritação. E se te sentasses aqui comigo à braseira a ouvir a tempestade. E eu te tomasse uma tua mão, abandonada e fria. E houvesse calor bastante em fitar o teu olhar. E soubesses como era bom eu olhar-te. E inventássemos a harmonia de estarmos assim um com o outro até sempre, a ouvir a chuva e o vento. E ficarmos assim em silêncio por já termos dito tudo.
Vergílio Ferreira
e é amar-te assim perdidamente
Persona | Bergman
Muero de ti, amor, de amor de ti, de urgencia mía de mi piel de
ti, de mi alma de ti y de mi boca y del insoportable que yo soy sin ti.
Jaime Sabines
E assim prosseguimos com as nossas vidas, cada um para o seu lado. Por mais profunda e fatal que seja a perda, por mais importante que seja aquilo que a vida nos roubou – arrebatando-o das nossas mãos -, e ainda que nos tenhamos convertido em pessoas completamente diferentes, conservando apenas a mesma fina camada exterior de pele, apesar de tudo isso continuamos a viver as nossas vidas, assim, em silêncio, estendendo a mão para chegar ao fio dos dias que nos coube em sorte, para logo o deixarmos irremediavelmente para trás. Repetindo, muitas vezes, de forma particularmente hábil, o trabalho de todos os dias, deixando na nossa esteira um sentimento de um incomensurável vazio.
Haruki Murakami
A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade? Como sentir com a frescura da inocência o sol vermelho se levantar? Nunca mais? Nunca mais. Nunca.
Clarice Lispector
talvez os homens sejam pedaços de caos
sobre a desordem que encerram
e talvez seja isso que os explique.
josé luís peixoto