setembro passou sem ti.
chove violentamente dentro de mim.
setembro passou sem ti.
chove violentamente dentro de mim.
Esta manhã comecei a esquecer-me de ti.
Acordei mais cedo que nos outros dias
e com o mesmo sono.
A tua boca dizia-me “bom dia” mas não:
não o teu corpo todo como nos outros dias.
As sombras por aqui são lentas e hoje não
comprei o jornal: o mundo que se ocupe da
sua própria melancolia.
ontem. há uma semana. há muitos meses.
um ano ensina ao coração o novo ofício:
a vida toda eu hei-de esquecer-me de ti.
Rui Costa | A Nuvem Prateada das Pessoas Graves
Por vezes fico vazia durante imenso tempo.
Perco a identidade.
Ao princípio isto assusta. E depois passa por um
movimento de felicidade. E depois pára.
A felicidade, isto é, um pouco morta.
Um pouco ausente do lugar onde falo.
Marguerite Duras | C’est tout
I will always be the virgin-prostitute, the perverse angel, the two-faced sinister and saintly woman.
Anaïs Nin | Henry & June
há um comboio iluminado no meu cérebro
cheio de túneis e de noites.
Daniel Faria