Ela diz-lhe que venha. Venha. Diz que é um veludo, uma vertigem, mas também que não se deve acreditar, um deserto, uma coisa malfazeja que também leva ao crime e à loucura. Pede-lhe que venha ver isso, que é uma coisa infecta, criminosa, uma água turva, suja, a água do sangue, que um dia ele terá de o fazer, mesmo só uma vez, vasculhar naquele lugar comum, não vai conseguir evitar isso a vida inteira. Mais tarde ou esta noite, qual a diferença?

Marguerite Duras
Les yeux bleus, cheveux noirs

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