Quando vi a ambulância junto a casa, corri. Como se tudo dependesse de quão rápido conseguia correr.
170 comprimidos. Fizemos as contas. Sem acreditar em Deus senti, pela primeira vez, que Deus me abandonara. 6 Março
Tenho um cansaço de 50 anos. 6 Março
Este sono que se alastra por dentro de mim. 9 Março
Não sei se consigo ainda viver sozinha. É aterrador. 9 Março
Quero que ela seja o mais feliz possível. Não há raiva, nem arrependimentos, apenas tristeza.
Entre o nada e a dor, escolho a dor. 10 Março
Com os anos, foi desaparecendo da memória a magia que existe quando o desejo é quase insuportável e acontece o beijo. 1 Junho
Tornei-me mais feminina no amor. Permito que as emoções vivam à flor da pele. Sou mais vulnerável. 1 Junho
Há dias, como hoje, em que desejo voltar atrás no tempo. Um tempo sem tanto peso para carregar. Ter tempo para a tristeza. 14 Junho
Há ainda momentos, como este, em que me sinto uma menina a brincar aos crescidos. 15 Junho
Perco facilmente o controlo das coisas e ela é a única capaz de me trazer de volta. 16 Junho
Quero sentir. Pouco importa se dura um dia, uma noite ou um mês, nem sequer se ela está apaixonada. Quero envolver-me para sentir. Apenas. 17 Junho
Hoje sinto demais. 22 Junho
A paixão esgota-me. Não sei já como, em tempos, pude viver neste estado permanentemente. 23 Junho
Leio nas entrelinhas aquilo que na verdade não está lá. 23 Junho
Já não sabia quão livre se podia ser. Durante horas ouvi música alta, misturei-me por entre corpos, senti as luzes, o álcool. Senti que o tempo tinha passado. Que a vida me tinha fugido. 24 Junho
Encontrei “R”. Ela olha-me. Ela diz-me com o olhar que nunca ninguém a amou como eu. Não se volta a amar pela primeira vez. Foi isso que lhe dei. Um primeiro amor.
Ela olha-me. E fala. E eu deixo de a ouvir. Sinto um impulso incontrolável de a abraçar. Ficámos assim muito tempo. 24 Junho
Não tenho jeito para romantismos. Nem paciência. Deixei-os em “R”. Sei-o. 30 Junho
Não procuro ninguém e espero que ninguém me procure. 12 Julho
Há momentos em que sinto que não a vou deixar nunca. Ainda que não exista desejo. Ainda que me deite com outras mulheres. 14 Julho
Não consigo ficar nem partir. 12 Agosto
Quando acaba o desejo acaba o amor? 12 Agosto
Não sinto falta de ninguém. Sinto falta da sensualidade. 26 Agosto
Relembrei-me de como me apaixonava facilmente. De como a cumplicidade de um olhar me prende numa redoma da qual não me quero libertar. 31 Agosto
É indescritível a suavidade de uma mulher. 31 Agosto
Volta a poesia. Seis poemas em dois dias. 31 Agosto
Crescemos dentro deste amor e esta despedida leva consigo uma parte da nossa identidade. 10 Setembro
Não consigo fazer outro caminho que não este e ainda assim sinto uma tristeza inexplicável. 14 Setembro
Sinto-me cansada e sem forças. Os movimentos do braço ao escrever são dolorosos. 25 Setembro
“S” continua em mim enquanto me sinto atraída por “D” e durmo com “F”. É preciso clareza. Dissecar os sentimentos. 30 Setembro
Envolvo-me para que se envolvam. 1 Outubro
De repente sinto a minha vida de volta, viro-me para mim e é uma descoberta que me consome. 7 Outubro
Ainda à deriva. Se dou mais do que um passo de cada vez a respiração torna-se pesada. 11 Outubro
Não sei se estou mais ou menos feliz. Deslizo à superfície das coisas, sem que nada me toque realmente. 12 Outubro
Voltam os pesadelos. Noite após noite. 18 Outubro
Nao desistas de escrever, ou melhor, de postar. Vejo neste blog das coisas mais tocantes que alguma vez li..