je vous écris d'un pays lointain

Escrevo-lhe do fim do mundo. É preciso que o saiba. Amiúde as árvores tremem. Apanham-se as folhas. Têm uma imensa quantidade de nervuras.

Mas de que servem? Não há mais nada entre elas e a árvore, e dispersamo-nos, incomodados.

Será que a vida na terra não poderia prosseguir sem vento? Ou será preciso que tudo trema sempre, sempre?

Há também tumultos subterrâneos, e dentro de casa, como raivas que surgissem à nossa frente, como seres severos que quisessem arrancar confissões.

Não se vê nada, como se importasse muito pouco ver. Nada, e todavia treme-se. Porquê?

henri michaux  | escrevo-lhe de um país distante

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