fragmentos do diário XVIII – breves de 2009

É preciso deixar que as palavras voltem. 18 Março

A paixão constante. A paixão multiplicada. Os envolvimentos gratuitos envoltos num amor inventado.
E o que pode parecer uma máscara é ainda o que me devolve. Sinto em excesso. Sinto o excesso. Respiro. 20 Março

Apaixono-me facilmente no início da Primavera. Posso dizer que se trata de um estado de espírito. Acontece independentemente dos outros. Acontece de dentro para fora. Eu sou a origem da paixão. Eu e a Primavera.
Atribuo o amor. 20 Março

A nossa história terá tido somente um começo. Pode ter sido um momento na cidade. De mãos dadas na cidade. Não haverá meio nem fim. 23 Março

O cansaço é quase insuportável. 9 Junho

Nada me surpreende. A luta tem de ser diária para não cair num suicídio vivo que sinto cada vez mais próximo. 20 Novembro

Sinto cada vez menos falta de pessoas. Cumpro o dever de sair de casa, trabalhar, ser social, como esperam de mim. Há em tudo indiferença. Faço o que tem de ser feito, nem mais, nem menos. 20 Novembro

Chorei compulsivamente ao longo do dia. Podia ter chorado horas, até esvaziar o que dentro de mim ainda resta. 25 Dezembro

A cidade, esta cidade, é um nome longínquo. 31 Dezembro

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